Em nota divulgada no dia de ontem (25), o presidente do Senado, José Sarney, colocou os pingos nos “is” e apontou o motivo central da campanha sórdida que vem sofrendo: seu apoio ao governo Lula.
“’Sobre a matéria divulgada hoje pelo jornal “O Estado de S. Paulo’, considero os esclarecimentos prestados pelo meu neto José Adriano Cordeiro Sarney, pessoa extremamente qualificada com mestrado na Sorbonne e pós-graduação em Harvard, suficientes para mostrar a verdadeira face de uma campanha midiática para atingir-me, na qual não excluo a minha posição política, nunca ocultada, de apoio ao presidente Lula e seu governo”, disse o presidente na nota curta e direta.
A gota d’água para a manifestação do presidente foi a acusação de que seu neto estava sendo favorecido em contratos no Senado. O seu neto, José Adriano Sarney, também refutou as insinuações lançadas pelo jornal Estado de São Paulo: “Condeno as insinuações descabidas. Nunca tive qualquer favorecimento, sou profissional qualificado, cuidando da minha vida. Em defesa do meu conceito profissional, informo que, em relação à reportagem, vou adotar as medidas judiciais necessárias”, diz trecho da nota.
Leia a íntegra da nota de Adriano Sarney:
“A propósito de reportagem publicada na edição de hoje deste jornal (‘Neto de Sarney agencia crédito para funcionários do Senado’), esclareço os seguintes pontos:
1. Sou economista e administrador formado na Universidade Americana de Paris, com especialização em Economia Internacional pela Universidade de Sorbonne, na França, e curso de Pós-graduação na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Nessa condição, fui gerente no departamento responsável por créditos no HSBC e, posteriormente, pelos conhecimentos na área, decidi atuar nesse mercado;
2. Em 2007 ao estabelecer-me em Brasília, o HSBC resolveu, em função de minha experiência, fazer uma parceria com a empresa da qual sou sócio, a Sarcris, cadastrando-a para cuidar de convênios que mantinha desde 1995 com instituições públicas e empresas privadas, inclusive o Senado Federal (convênio número 52/1995, firmado em 07 de dezembro de 1995);
3. Como dito anteriormente, o HSBC já dispunha de autorização para atuar, ao lado de inúmeras outras empresas, com crédito consignado para servidores públicos;
4. Ao contrário do que informa a reportagem, a Sarcris tem endereço em Brasília e chegou a ter 15 empregados agenciadores, com carteira assinada. Estabeleceu-se inicialmente no Edifício Multiempresarial e, depois, mudou-se para o Edifício Serra Dourada, no Setor Comercial Sul. Devido à crise financeira mundial e a consequente retração do crédito no Brasil, estamos reduzindo nossas atividades e rescindindo (28 de junho) o contrato de aluguel;
5. Em relação à Choice Consultoria, cujo nome consta em infográfico ilustrativo da reportagem (A-4), esclareço que a mesma mantém endereço no Liberty Mall, em Brasília e, ao contrário do que afirma a reportagem, nunca atuou no mercado de crédito consignado.
6. No mais, condeno as insinuações descabidas. Nunca tive qualquer favorecimento, sou profissional qualificado, cuidando da minha vida. Em defesa do meu conceito profissional, informo que, em relação à reportagem, vou adotar as medidas judiciais necessárias.
Na semana passada, nós encaminhamos uma nota de solidariedade ao presidente do Senado, manifestando que “temos convicção de que essas agressões, sem fundamento ou provas, integram um conjunto de movimentos orquestrados pelos segmentos elitistas da nossa sociedade, muitos deles a serviço de interesses externos, para tentar submeter o nosso Congresso, mantendo-o constantemente sobre fogo cerrado, ora para forçá-lo a seguir um caminho alheio aos anseios nacionais, ora com o objetivo de paralisá-lo”.
Ontem, postamos um comentário afirmando que bastou qualquer cidadão ameaçar os interesses de setores da midia, ou os interesses de seus anunciantes, para que o dedo insultuoso da imprensa seja apontado para ele sob as acusações mais diversas. Não importa qual seja a acusação, ao ser martelada todos os dias em todos os jornais do país ela passa a ser, primeiro, um dos maiores crimes do mundo e, segundo, verdade.
E, ao apoiar as transformações pelas quais o país está passando com o governo Lula, que contraria o interesse dos poderosos, a maioria do Congresso está na mira da reação. O presidente Sarney está corretíssimo em afirmar que a campanha se voltou contra ele devido ao seu apoio a Lula.
Cabe aos cidadãos com vértebra não se curvar a esta chicana.